de Alfredo
Lissoni
Os telegramas de 1933 foram enviados provavelmente por ordem do mesmo
Morgagni (do qual o Sr. X talvez seja compatriota) pela sede da Agência
Stefani, de Milão, localizada no histórico Palácio Arese, na Avenida Venezia,
onde havia o Departamento Central de Serviços Comerciais e Financeiros e o 'Centro
de Recepção do Material Telefonado (sic) pelos Correspondentes".
Os três despachos davam disposições para os jornais italianos minimizar o evento UFO/OVNI, e de facto, não
encontramos na imprensa da época que consultamos na biblioteca (Corriere della
Sera, Popolo d'Italia), qualquer notícia. No entanto, não temos encontrado
nenhum rasto de " notícias astronómicas e atmosféricas", que
deviam ter sido transmitidas para
racionalizar o episódio.
No primeiro momento, pensei que fosse uma contradição que permitia a
hipótese de que os documentos fossem falsos, até que um especialista de
História, Dr. Pietro Basile, me confirmou que, em plena ditadura, não era
necessário publicar desmentidos na imprensa (como teria acontecido em vez
disso, muitos anos depois, com o redimensinamento do caso Roswell, que ocorreu
num regime democrático): em pleno fascismo as notícias 'desconfortáveis' não
eram publicadas e basta.
Em seguida, recuperei muitos telegramas censurados, relativos a outros
temas, que me confirmaram como na época, bastava uma simples ordem para
esconder qualquer notícia. Mas, naqueles dias, realmente algo tinha acontecido.
Será que essa mudança repentina e inexplicável das cúpulas, terá sido motivada
pela necessidade de garantir o apoio de homens de confiança ao
recém-constituído Gabinete RS/33? É possível.
E que existisse mesmo um plano tosco de emergência destinado a sensibilizar
a opinião pública da Lombardia (em cuja território talvez tivesse caído o
objecto; os telegramas de facto partirm de Milão), parece ser demonstrado por
uma publicação enfática cinco dias depois, na 'Cronaca Prealpina', de Varese, da
notícia de um contacto com os alienígenas!
Com um artigo de 20 anos de
antecedência sobre contacto, o diário discursava, em três colunas, sobre uma
"hipótese de vida dos habitantes de Marte." Não se tratava certamente
de uma peça de Ufologia, visto que os OVNIs na época ainda não existiam; em vez
disso, era uma entrevista muito séria sobre um contactado antes do tempo, um
certo Dr. Robinson, de Londres, que dizia que se comunicava telepaticamente há
anos com os extraterrestres, sobre os quais fornecia um número infinito de
detalhes.
Além dos devaneios publicados, a peça atrasou claramente a tentativa
(certamente imposta pelo regime, tendo em conta as verificações a que então,
eram submetidos os jornais) de transmitir a idéia dos extraterrestres à
população; lamentava-se o facto que "a exploração do céu tivesse ampliado
o progresso da astronomia nos últimos tempos e que eram revelações tão
sensacionais, que agora o público tendia a esquecer um pequeno problema que
tinha apaixonado multidões durante muitos anos, o de uma ligação nossa com o planeta Marte. "
Não parece que tudo isso tivesse sido por acaso; em vez disso, parecia que
se assistia a um dos métodos modernos de "formação" e de preparação
das massas, na expectativa de um possível contacto alienígena (na época ninguém
poderia ter previsto que OVNIs continuariam a comportar-se tão furtivamente,
durante muitos anos).
Sobre os despachos da Agência Stefani, posso dizer que um jornalista me confirmou a existência, nos anos trinta, de telegramas intitulados ‘Agência Stefani' e de configuração e composição semelhante a esses arquivos fascistas; também o cálculo fascista sobre os mesmos é coerente com a redatação mussoliniana (XIº ano da era fascista).
Sobre a carta senatorial, é de dois tipos, um com caracteres de impressão
com 'Obrigado' (enfeites nos templos), a outra com a 'Fonte' simples; ambos os
cabeçalhos estavam em uso naqueles anos, como pude comprovar com outros tipos
de documentos confidenciais, datados de 1933, depositados no Museo del
Risorgimento, em Milão.
Por fim, os caracteres da máquina de escrever
utilizadas para a carta e para a "nota", provavelmente uma Olivetti,
são dessa época; em parte são negros e em parte, vermelhos. Era evidente que a
máquina estava com defeito e a fita colorida, já em uso na década de trinta,
bloqueava a meio.
Tradutora: Maria Luisa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: http://peacelovelove.blogspot.pt/
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