di Alfredo Lissoni
Trecho para o Noticiário UFO - Continuo a pesquisa sobre
os arquivos fascistas. De acordo com esta documentação, surgida recentemente e
enviada para várias revistas do sector, entre 1933 e 1940, na Universidade La
Sapienza, de Roma, funcionava secretamente uma equipa de cientistas que
trabalhavam empenhados em compreender a natureza das estranhas naves espaciais
não convencionais (que hoje chamamos UFOs/OVNIs ), depois de uma delas ter aterrado
supostamente na Lombardia, em 1933, recuperada a toda a pressa pela polícia secreta fascista e feito
desaparecer.
Na edição anterior do Noticiário UFO, destacamos a
forma como esses documentos foram enviados anonimamente para o CUN e para
outras associações, por um personagem misterioso que temos designado como 'Mister X'.
Foi Mister X - cuja coragem não podemos deixar de salientar
- que deu a conhecer à comunidade ufológica italiana, a existência da equipa
para estudar os UFOs fascistas, conhecida como "Gabinete RS/33”, que teria
tido como braço armado, a polícia política secreta de Arturo Bocchini (O.V.R.A.), que estava encarregada de bloquear
qualquer fuga de notícias; que funcionaram com a cobertura das mais altas
autoridades do regime (Mussolini, Balbo e Ciano), as prefeituras, a Agência
Stefani; que teria sido fundada por proposta de Giovanni Gentile e nominalmente
encabeçada pelo físico Guglielmo Marconi (nem sempre voluntariamente ausente) e,
de facto, por um certo Dr. Roger Constanti Cavazzani (pseudónimo provavelmente
derivado do sobrenome de um notável político popular e pró-fascista) e do
astrónomo Gino Cecchini (mais tarde Director do Observatório de Pino Torinese).
Sempre de acordo com Mister X, em 1940, seria passado aos
nazis, o controlo quase total dos dados recolhidos pelo Gabinete, cujos membros
eram mais propensos a acreditar na tese das armas secretas aliadas.
A HISTÓRIA COMEÇA
Na medida do possível, verificamos todas as informações de
Mister X, fornecidas a conta gotas. Não
foi uma tarefa fácil, uma vez que o anonimato dos componentes do Gabinete,
fornecia apenas os apelidos (dois dos quais escritos de maneira incorrecta,
ainda por cima) . Mas o que encontramos leva-nos a crer que as revelações são
de alta credibilidade. É verdadeira a história de que Marconi não participou
mais nas reuniões do Gabinete; o diário da sua filha Degna (tentamos entrar em
contacto com ela, mas os parentes disseram-nos que faleceu há três anos)
relatam que em 1933, o físico estava a dar a volto ao mundo, no decurso de uma
série de testes de telegrafia sem fios; portanto, não podia ter uma parte activa
nas reuniões do Majestic 12 fascista.
Quanto à referência do Duce sobre a equipa supersecreta,
o conde Cozza mencionado pelo Mister X
existiu, e não era outro senão o senador Luigi Cozza, Conde e presidente do
Conselho Superior de Obras Públicas.
Também eram credíveis os outros membros do Gabinete RS/33,
senadores e burocratas, empresários, cientistas não muito visíveis (e,
portanto, com maior garantia de confidencialidade) e técnicos. Eles, como
identifiquei, foram: o cirurgião e biólogo experimental Filippo Bottazzi, da
Universidade de Nápoles; o engenheiro aeronáutico Gaetano Arturo Crocco,
fundador da Sociedade Italiana Razzi e teórico da colonização do espaço; o
botânico Romualdo Pirotta, da Universidade Sapienza, de Roma (amigo ínitmo do Professor Filippo
Eredia, que em 1946 denunciou uma onda de avistamentos de foguetões fantasma na Europa); o génio matemático Francesco
Severi, que era professor na Sapienza e, em 1940, na Academia Pontifícia das
Ciências; Giancarlo Vallauri (que Mister X erradamente chama 'Dallauri'), um
professor de engenharia elétrica e ferromagnetismo e Académico do Lincei; o
químico Francesco Giordani, da Universidade de Nápoles; um certo Debbasi, muito
provavelmente Dante De Blasi, médico higienista que ensinou nas Universidades
de Nápoles e Roma, e em 1942 tornou-se um académico pontifício (como Severi).
O facto de que Cecchini, o único astrónomo, que aparentemente,
não era então parte activa, parece confirmar as alegações feitas pelo Mister X,
isto é, que a equipa fosse propensa a uma explicação convencional para o
fenômeno UFO. Ou, pelo menos, uma parte da equipa; de outra forma não se
explicaria a presença de um químico, um biólogo e um médico (mas novos documentos, referindo-se, talvez, ao
IR-3, devem ainda ver a luz, reservando mais surpresas).
O elemento interessante desta ligação UFO é que a equipa
apresentava especialistas no domínio
espacial, aeroespacial, química, engenharia biológica e eléctrica; sete em cada
sete, ligados à Academia de Lincei, três em estreita relação com o Vaticano,
três dependentes da Universidade La Sapienza, em Roma, três fazem parte do CNR,
a Comissão Nacional de Pesquisa, fundada em 1923 por Giovanni Gentile (membro
do Gabinete RS/33) e reorganizado em Roma, em 1933, sob um projecto do Conde Cozza
(do Gabinete RS) e dirigido de 1927 a 1937 ... por Guglielmo Marconi!
O facto curioso é que até hoje o CNR, cujas cúpulas
talvez soubessem alguma coisa, exprimiu sempre opiniões negativas sobre o
fenómeno UFO (encobrimento?) e, após a onda de 1978, quando o então ministro da
Defesa Spadolini tentou encarregar o centro de pesquisa sobre os discos
voadores, ou seja, na hora do ‘flap’ belga, sobre cuja autenticidade o CNR
exprimiu fortes dúvidas, apesar do crédito dos militares de Bruxelas.
O conjunto de coincidências que ligam todos estes
personagens é demasiado denso para ser um acaso e joga a favor da autenticidade
dos factos; como alternativa, pensei numa farsa muito inteligente criada por
uma pessoa particularmente bem versada
no ‘establishment’ mencionado, portanto,
um membro da CNR. Mas era uma hipótese muito remota, que a análise dos documentos originais afastou completamente. Mais ainda, eu sabia
que os acontecimentos OVNI, em 1933,
existiram de verdade. Encontramos
vestígios num livro de Pinotti (1), que escreveu: "Estamos em 14 de Agosto
de 1933. O Sr. Elvano Ferrini, então com dezasseis anos, observa, juntamente com
muitas outras testemunhas, um charuto voador que, aparecendo e desaparecendo nas nuvens, atravessa toda a
abóbada do céu em trinta segundos, cerca das 14.30 h, majestoso e rápido. ‘Nem
antes, nem depois vi nada semelhante’, disse a testemunha em 1991”. A
localização do avistamento? A cidade de Forlì, curiosamente, um dos lugares de onde
o Mister X tinha enviado parte dos documentos.
CENÁRIO HIPOTÉTICO
Um elemento curioso que me fez reflectir muito, foi o
envolvimento de Marconi no Gabinete RS/33. Outro elemento curioso, que
apresento aqui meramente a título especulativo – os historiadores não estão de
acordo – é que teria sido construído no final dos anos trinta, um raio da morte
com capacidade de paralizar instantaneamente o sistema eléctrico dos motores. Será
apenas uma coincidência, mas sabemos
hoje, em retrospectiva, que este fenómeno é uma prerrogativa dos UFOs! E
encontrar o descobridor do raio da morte numa comissão de estudo de OVNIs torna,
inevitavelmente, mais saliente a suspeita de que os fascistas estudassem ...
a reversão da engenharia extraterreste!
Claro que é apenas uma hipótese; mas, hoje em dia, neste
estudo, as combinações que estão a apoiar estas hipóteses tornam-se cada vez
mais numerosas.
Que dizer do raio da morte? A maioria dos historiadores e
cientistas acho que foi uma farsa propagandistica posta a girar por Mussolini;
segundo o historiador Ugo Guspini, na verdade, por trás dessa lenda, estava escondido o projecto secreto de
construção do radar (2);para Antonio Spinosa era uma arma capaz de carbonizar
as pessoas (3); parcialmente céptico, outro historiador, Aurelio Lepre disse o
mesmo (4), mas o seu colega, Bruno Gatta (5) pensa de forma diferente: “Nos
últimos meses, dos últimos anos de vida de Marconi, ocorre mais uma vez, o
rumor da sua descoberta do chamado raio da morte.
Esta invenção incrível é rejeitada por alguns, mas é
confirmada num documento final de Mussolini, de 20 de Março de 1945. Mais do
que uma entrevista, foi um solilóquio na presença de um jornalista, Ivanoe
Fossani, na pequena ilha de Trimefione, em Garda, em frente a Gargnano. Naquela
noite, entre muitas coisas, falava-se de Marconi e das suas experiências
científicas recentes, às quais o Duce assistiu. Na estrada para Óstia, em Acilia,
parou os motores dos carros, motos e camiões. Ninguém podia perceber a falha
súbita. A experiência foi repetida sobre a estrada de Anzio com o mesmo
resultado.
Para Orbetello dois dispositivos comandados por rádio,
foram incendiados a mais de dois mil metros de altura. Marconi tinha descoberto
o raio da morte! Só que ele, que nos últimos tempos se tinha tornado muito
religioso, tinha um escrúpulo de caracter humanitário e procurou o conselho do
Papa e o Papa desaconselhou-o a revelar
uma descoberta tão mortal. Marconi, perturbatissimo, veio a referir o seu caso
de consciência, e a sua audiência Papal. Fiquei horrorizado.
Disse-lhe que a descoberta podia ter sido feito por
outras pessoas e usada contra nós, contra o seu povo; para animá-lo,
garanti-lhe que o raio não seria usado, senão como o último recurso; confianva
poder convencê-lo lentamente. Em vez disso, Marconi morreu repentinamente. A
partir desse momento temi que a minha
estrela começasse a cair’, disse o Duce”.
Esta versão também foi confirmada
a um jornalista por Claretta Petacci, que era amante e confidente de Mussolini.
O RAIO DA MORTE
Verdadeiro ou falso? Diz a lenda que Marconi, em crise
existencial, recusou dar aos fascistas a patente de uma arma tão perigosa;
tinha o Papa do seu lado (e que os dois eram amigos é testemunhado pela sua
filha, que recorda uma célebre audiência no Vaticano em 1933. Não nos
esqueçamos que foi Marconi, o criador da Rádio Vaticana. Havia um
relacionamento muito próximo com o Pontífice). Poucos meses depois, prossegue a
história, o físico morreu de repente, sozinho e esquecido (na verdade, ele não
estava sozinho, havia ao seu lado o médico e a sua filha Degna), levando para a
sepultura os segredos dessa arma hipotética.
Em qualquer caso, Mussolini sabia alguma coisa; e também
os nazis, em consequência, talvez a mando do próprio Duce ou, pior ainda,
graças às manobras da Gestapo. Só se
descobriu, no ano passado que, na verdade, Claretta Petacci, amante de Mussolini, espiava
o Duce e passava as informações à polícia secreta nazi (6); de acordo com um
estudo do historiador Marino Viganò,
Petacci teria passado para o Reich documentos roubados/vazados entre 1944
e 1945, mas, acrescentamos, não podemos excluir que as acções de espionagem não
tenham acontecido durante vários anos. De outra forma não se explica o episódio
que vamos contar.
No livro ‘Situation red, the UFO siege!’ = Alerta
vermelho, o cerco UFO!’ (7) Leonard Stringfield, o primeiro entre os ufólogos a
dar crédito, há vinte anos, ás revelações militares sobre as quedas dos UFOs, menciona
‘en passant’ um episódio incrível. Stringfield escreveu em 1977: De acordo com
uma fonte confiável, o filho de um ex-membro do Ministro do Interior dos
Estados Unidos, que trabalhou para o serviço secreto, na Alemanha, no verão de 1939, presenciou um
evento muito incomum que teve lugar na cidade de Essen.
Na hora de ponta do tráfego, parou tudo o que era
elétrico e mecânico: carros, autocarros, carros eléctricos, motocicletas e
relógios. O pai, que estava em Essen, recordou que, quando o momento de
depressão estava no auge, durante cerca de dez minutos, os carros nem sequer
foram capazes de soar as buzinas.”
“Naqueles dias”, diz Stringfield, optando, no entanto, pela tese Ufulógica, “a resposta era óbvia:
uma manobra experimental das armas secretas de Hitler! Os jornais
alemães não falaram do episódio, mas as informações e dados que descrevem os
efeitos da arma suspeita foram transmitidos em Washington, às
autoridades competentes”. Stringfield conclui: “É claro que o tempo
demonstrou que os alemães não possuíam uma arma de tal poder, caso contrário, a
guerra teria tido um resultado desastroso para os Aliados.”
Se esta história não é uma mentira, talvez Stringfield
estivesse errado: os UFOs só estavam indirectamente no centro; o black out de
Essen foi realmente causado pelo raio da morte que os nazistas tinham - talvez
- subtraído aos fascistas. Cronologicamente, teremos em conta a progressiva
militarização nazi do Gabinete RS/33, no final de 1939 e com certas experiências
de interferência de rádio realizadas pelos alemães, a mais famosa das quais viu
a construção de discos voadores controlados por rádio e por fogo (as feuerball
ou bolas de fogo), que interferiam com os radares e com os motores dos aviões.
É claro, que sabemos que o raio da morte, se existiu, não
foi concluído; talvez, como o V-7, demorou muito tempo a aperfeiçoá-lo, ou foi
impossível lidar com esse tipo de tecnologia avançada.
O DIA DEPOIS DA ROSWELL ITALIANA
Já dissemos no artigo anterior, que muito provavelmente,
os Arquivos Fascistas deram um impulso à construção dos discos voadores nazis,
os V-7. Que os alemães começaram em 1941 a construir naves discóidais, em todos
os aspectos similares ao UFO, é um facto confirmado publicamente, nos anos
cinquenta. Dos vários personagens que participaram nestas experiências, o
piloto Rudolph Schriever, cujo V -7 foi testado em Praga, em 14 de Fevereiro de
1945, o engenheiro milanês, Giuseppe Belluzzo, que admitiu ter construído as naves
em forma de disco, Andrea Epp, um engenheiro do Reich que construiu um mini
disco, em Bremerhaven, em 1943, com o qual sonhava colonizar a Lua e cuja
reconstrução apresentou em Maio de 1969, na feira de Pádua (9).
Os vários autores, bem como historiadores que estudaram a
história, como Rudolf Lusar (10), concordam que o avanço da frente russa impediu
o Reich de aperfeiçoar o que hoje chamaríamos reversão da engenharia extraterrestre;
discos voadores nazis foram destruídos pelos alemães ou - em grande parte -
recuperados e ocultados pelos russos (nos últimos 50 anos, de facto, foram
construídas várias versões, modelos Rossyia all'Ekip, tudo a funcionar
escassamente.)
Mas a recordação da pesquisa nazi-fascista manteve-se, de
alguma forma, conhecida apenas pelas chefias militares Aliadas. Certamente
ajudou a difundir, entre certas camadas dos serviços secretos russos e americanos,
a crença de que os OVNIs eram na verdade protótipos de patentes desenvolvidas pelo
partido nazi, durante a Guerra Fria. A começar pelo avistamento de Kenneth
Arnold.
Já em 1933, dois oficiais nazis, Walter e Reimar Horten
começaram a desenhar bombas triangulares. Construíram o primeiro protótipo em
1936, em Colónia, e testaram os
desenvolvimentos sucessivos em Goettingen, em 1944; eram UFOs terrestres em
forma de V, chamados asas voadoras ou modelos Horten (11).
No final do conflito, o Horten cai nas mãos dos
americanos, e estava escondido na base da Silver Hill, Maryland. Graças a este
modelo, os EUA realizaram em 1947, a asa voadora Northrop, e muitos anos depois
o Stealth. Quando, em 1947, explode a mania dos discos voadores, os poucos oficiais
dos serviços secretos conhecedores desses projectos, e talvez dos arquivos
fascistas, pensaram que os OVNIs não eram senão outras armas secretas.
Kenneth Arnold afirmou ter visto nove dessas armas e, embora
os desenhasse com forma circular e com
cauda de andorinha, tinha a forma de uma meia-lua (basta olhar para os desenhos
originais do piloto norte-americano). Eram provavelmente nove Bombardeiros
Northrop Asa Voadora construídos na famosa base (considerada "dos UFOs") de Muroc. A
Força Aérea dos Estados Unidos depois tirou todos os vestígios deste projecto
(12). Mas há uma prova, uma fotografia rara que mostra os nove bombas todas em
linha.
Tudo isso não diminui a hipótese de serem discos
extraterrestres, mas leva-me a reflectir sobre o quão pouco se sabia, à
distância de outro meio século, das manobras dos governos sobre os discos
voadores. Fossem ou não fossem extraterrestres
.
Notas:
1. "Zic" del 6-9-40. Cfr anche E. Varalli -
Sesto Calende porto di cielo, Gruppo Lavoratori Siai Marchetti, Varese 1979.
2. AA.VV - Ali a Varese, Provincia di Varese,
Varese-Milano 1997.
3. "Il
cambio della guardia alla Federazione" in "La Sera" 26-6-33.
"Il nuovo Segretario Federale di Milano" ne "Il Sole"
25-6-33. "Il saluto del nuovo Segretario Federale" ne "Il
Sole" 28-6-33.
4.
"Convocazioni di zone" in "La Sera" 17-6-33 p.4.
5. "Raduni fascisti nel Comasco" in "La
Sera" 23-6-33 p.2.
6. "Improvvisa visita di Sua Maestà la Regina"
ne "Il Sole" 19-6-33.
7.Algo semelhante também aconteceu durante os sobrevôos
de OVNIs em Veneza e Mestre, em 1936. Depois de um charuto voador e dois discos
terem sido perseguidos, sem sucesso, por
um caça, a revista "Il Politecnico", que, obviamente, estava ao
corrente, começou a insistir sobre a necessidade de abrigos antiaéreos.
8. "La
Sera" del 17-6-33.
9. "Morto
monsignor Capula" in "Giorno" 25-7-00.
10. "Vi
racconto che fine hanno fatto le casse del Duce", di F.Pelizzari in
"Giorno" 22-8-00.
11. Id.
12. "Il
falegname che nascose i segreti del Duce" in "Giorno" 17-8-00.
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